Se alguma coisa
aprendemos da história
é que os povos
jamais aprendem da história.

Albert Einstein, 1939

O ex-prefeito César Maia, defendeu ontem uma ação integrada da Polícia Militar com a Guarda Municipal para reprimir a ocupação desordenada do Centro pela população de rua. [...] César pretende, se eleito [governador], usar agua e creolina para lavar diariamente as calçadas mais visadas e dissuadir a ocupação desses locais.

Jornal do Brasil, 14/7/1998

O secretário das Administrações Regionais de São Paulo, Alfredo Mário Savelli, disse ontem que "não existe espaço na cidade para as pessoas sem qualificação profissional", ao comentar a situação dos camelôs da avenida Paulista. Savelli recomendou aos ambulantes que voltem para as suas cidades de origem. [...] "Eles estão prejudicando a cidade destinada a ser a capital do Mercosul."

Folha de São Paulo, 24/7/1997

Porém, quase DOIS SÉCULOS atrás, o mestre do Simón Bolívar escreveu o seguinte, que parece ser uma solução alternativa:

Para ensinar a pensar

Fazem passar o autor por louco. Deixem que ele transmita suas loucuras aos pais que estão por nascer.

Terá de se educar todo mundo sem distinção de raças nem cores. Não nos alucinemos: sem educação popular, não haverá verdadeira sociedade.

Instruir não é educar. Ensinem, e terão quem saiba; eduquem, e terão quem faça.

Mandar recitar de memória o que não se entende é fazer papagaios. Não se mande, em nenhum caso, uma criança fazer nada que não tenha o seu "porquê" junto. Acostumada a criança a ver sempre a razão apoiando as ordens que recebe, sentirá falta dela quando não a ver e perguntará por ela dizendo: "Por quê?" Ensinem as crianças a serem perguntadoras, para que, pedindo o porquê do que as mandam fazer, se acostumem a obedecer à razão: não à autoridade, como os limitados, nem ao costume, como os estúpidos.

Nas escolas devem estudar juntos os meninos e as meninas. Primeiro, porque assim desde criança os homens aprendem a respeitar as mulheres; e segundo, porque as mulheres aprendem a não ter medo dos homens.

Os varões devem aprender três oficios principais: construção, carpintaria e ferraria, porque com terras, madeiras e metais são feitas as coisas necessárias. Dar-se-á instrução e oficio às mulheres, para que não se prostituam por necessidade, nem façam do matrimônio uma especulação para garantir a subsistência.

Ao que não sabe,
qualquer um engana.
Ao que não tem,
qualquer um compra.

Simón Rodríguez, 1826


De Memórias del Fuego, Eduardo Galeano